sábado, 29 de janeiro de 2011

BBB e outras prioridades


Há muito tempo, o Brasil tem passado por uma fase de baixíssima autoestima. Modelos perfeitas compõem um cenário imperfeito. Outra vez um palestrante falava que a Gisele Bündchen adoraria ser parecida com ela depois das maquiagens e Photoshop a ela aplicados. As pessoas querem emagrecer para entrarem num padrão de beleza que não é o nosso e não porque estão preocupadas com a saúde. A mídia é responsável por essa disseminação e as pessoas estão cada vez mais alienadas.

Aí entra o BBB. Corpos esculturais, tatuagens imensas colorindo corpos e fazendo de pessoas comuns, ícones da televisão brasileira. O preço da fama, o preço de aparecer. Se fosse feita uma entrevista com os participantes do reality show, certamente eles próprios não gostariam de estar presos em suas residências. Qual a razão de quererem estar presos e assistidos pelo Brasil inteiro, perdendo, sobretudo, suas respectivas privacidades?

No dia de estréia do programa dirigido pelo famoso e misterioso Boninho – que, de tão desconhecido, escutei um desavisado rapazinho perguntar se o diretor e o apresentador Bial eram a mesma pessoa –, assistimos a inúmeras residências sem o glamour e o conforto da casa “mais vigiada do Brasil”, desabarem na região serrana do Rio de Janeiro, o estado brasileiro mais procurado pelos turistas do mundo inteiro. Vimos famílias serem desabrigadas e perderem seus parentes. Escutamos histórias terrivelmente tristes de pessoas que ficaram sozinhas no mundo para narrarem as dores de perder a família inteira. O brasileiro solidarizou-se com essas histórias e fez mutirões para ajudar, roupas, comida, dinheiro.

O contraste de que somos um país solidário é encontrar pessoas que são fúteis ao extremo, vazias. A preocupação exacerbada com o corpo deixa a mente doente. Desculpem-me os aficcionados pelo BBB, eu próprio, atacado pela gana do dinheiro e da fama, já fui um viciado no programa (as pessoas têm defeitos), mas, felizmente, particularmente e francamente não vejo sentido algum em estar dentro de uma casa. Evoluí. Já assisti a programas em que os ex-participantes disseram, convictos de que estavam falando a verdade absoluta de quem procura um programa como esse, que foi a melhor experiência pela qual já passou. Aí falaram de amadurecimento, evolução espiritual (fico pensando qual foi o momento em que o pessoal estava lá, à procura de Deus ou falando sobre Deus), e outras experiências que Buda, Gandhi e Jesus passaram, sem serem vistos nos realitys shows. Jesus não escreveu uma linha sequer. E até hoje é ovacionado pelos quatro cantos do mundo. Quem foram os participantes do BBB I? Os vencedores? Eu não lembro. O Google talvez lembre.

Qual a diferença que o BBB faz na sua vida? E na de quem está lá? A minha diferença no meu mundo foi encontrar os caminhos possíveis e plausíveis para o meu crescimento e ojeriza a esse programa tão vazio, nesse segmento. Enquanto pessoas gastam seu dinheiro enviando torpedos para eliminar fulano ou sicrano do jogo, há outras pessoas que enviam torpedo para declararem a satisfação de ter por perto pessoas reais, que fazem do dia a dia, a vida melhor.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

os contrastes.



A loura gelada vai muito bem obrigada, nos comerciais e principalmente nos bares onde é livremente vendida àqueles que se deliciam ao sabor da cevada e álcool fermentados. Os novos carros do ano invadem a TV e, imediatamente as ruas e avenidas brasileiras, onde os novos proprietários desses satisfazem suas necessidades de ostentar o novo modelo sobre quatro rodas.

Até aqui, parece que vivemos às voltas da televisão, o que não chega a ser uma inverdade completa, mas dentro da realidade – o trivial recaí sobre mim, que é dura – as diferenças do que é mostrado pela caixa animada não são tão díspares. Se pararmos para comparar, inúmeros Zecas, Joões e Pedros que conhecemos bebem diariamente e dirigem os modelos mais recentes dos carros anunciados na mídia.

Mas, enquanto louras e mais louras são esvaziadas nos bares, um outro número maior de louras se esgotam na busca constante de emprego, juntas a mulatas, ruivas, morenas, negras e pardas, chegando ao final do dia com respostas negativas, sem promessas, nem esperanças para o dia seguinte. O mesmo se aplica ao gênero masculino.

O sinal fecha, mas o carro avança. O orgulho de ser novo e mais potente é grande, tem de mostrar a todos; a placa de limite máximo permitido é muito pouco para a velocidade que o carro pode desenvolver, mas nenhum consegue desenvolver velocidade alguma frente aos destroços e a mortandade que os acidentes causam, da impotência adquirida diante de tão grande violência social.

E as drogas? Ah, essas são as campeãs de audiência. Principalmente, as não-legalizadas. Todos os viciados estão diante delas todos os dias, e muitos, várias vezes ao dia, desde cedo da manhã, passam pelo horário nobre e entram madrugada afora para dar continuidade ao ciclo. Esse é um problema que o Brasil não encontra tecnologia alguma para frear.

Aliás, o Brasil não tem encontrado solução alguma para inúmeros problemas que, como a cerveja, aparecem na televisão, embora embutidos em noticiários e, como os novos carros, são bastante potentes e desenvolvem velocidade até maior, pois atinge quase todo, se não a totalidade do território brasileiro.

E a resposta governamental?

Políticas compensatórias, programas incoesos que não chegam a atingir sequer a metade daqueles que sofrem com o problema.

E muitas, muitas perguntas sem respostas, sem ações concretas, enfim, ficamos no vácuo da “ordem e progresso”.

Nosso governo tem ainda um slogan que nos deixa confusos, sumariamente perdidos dentro da propaganda. Peço-lhe, requintado leitor, que ao término destas linhas escritas, volte ao título para entender, compreender verdadeiramente o que diz: Brasil, um país de todos

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011


Essa vontade estonteante de mostrar ao mundo que eu faço parte dele através do que escrevo é a salvação da minha alma.

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