quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Uma morte literária


A morte não é nada – dizia Epicuro – enquanto somos, ela não é. Quando ela é, deixamos de ser.

Essa não era a filosofia bandeiriana, para quem a morte estava sempre na iminência. Ao descobrir que estava com o mal do século, a tuberculose, logo depois de sair da adolescência, o poeta vê seus sonhos de se tornar arquiteto irem embora. Para ocupar o espaço vazio, escrevia. A morte, sua companheira, ceifa a vida de sua mãe, irmã e pai enquanto ele lutava contra a sua doença.

Estrela de uma vida inteira, Manuel Bandeira escrevia sobre a indesejada das gentes para, assim, vivenciar as possibilidades que o distanciavam da vida normal, pretendida por ele.

Sua vontade não era ir pra Pasárgada, mas ter as mulheres que nem o rei poderia possuir, dançar um tango, esquecer a tuberculose, ouvir sinos e pássaros dizerem que a vida acontece, pulsa e que a morte estaria longe.

Quando as cinzas das horas chegaram Bandeira tinha mais de 80 anos, vítima de uma parada cardíaca e não da tuberculose, doença que o acompanhou durante quase toda a vida.

1 comentários:

Renata Freire disse...

E essa vontade de continuar em frente, mesmo estando doente, o tornou um mestre da nossa literatura ;}

Bjo, fica com Deus :D

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