domingo, 18 de abril de 2010

Lembranças de chuva

Era um pouco mais da meia noite e a chuva caía torrencial naquele domingo que amanhecera tão quente. Tanta chuva lá fora, pensava, e eu dentro do quarto, ora a entreter-me com a leitura de poemas líricos, ora sendo atrapalhado pelos pingos de chuva que caíam fortes. Sem mesmo esperar, fui invadido por uma vontade de tomar banho na chuva que não cessava e me convidava a banhar em suas águas caudalosas. Não hesitei e incontinenti fui à rua com tal fim. Como a água caía enérgica! Lavava a minha linda, imensa pequena cidade. Atravessei a rua já quase veneziana. Debaixo das biqueiras me pus a pular; é, lembrei de quando eu era pequeno, digo, de quando eu era menor – ou criança – nunca fui tão grande mesmo, eu sempre pulava na chuva, então foi...

domingo, 4 de abril de 2010

Gritos silenciosos

Olhando assim, parecia que a vida tinha sentido, embora ele não quisesse procurar o sentido, embora ele não quisesse ser sentido, nem sentir. O lenimento de suas forças era brusco. Há forças nos sumidouros e nem um pouco na consciência. Algumas poucas e minguadas lágrimas obedeciam à gravidade. E ele (sempre o desconcertante ele implodido) estava lá, enxugando-as. Um furacão sentimental explodia no insensível criado pela pós-modernidade. A explosão era abafada, inaudível. Gostaria de não saber das mazelas, dos cânceres, dos internamentos, dos médicos, nem de santos, nem de anjos. Não saberia se despedir. Não gostaria de saber. Ia àquele ato tão familiar. Longe, distante, frio. Caçaria palavras para descrever suas sensações. Misteriosas. Augusto...

Pages 121234 »
Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best CD Rates