domingo, 6 de junho de 2010

Champanhe ou corda?

Para minha amiga Rosângela

A inspiração acordou com o telefone, que estava carregando desligado. Olhou seus recados e pensou que não era nada mal comemorar com champanhe, nada de corda – as viagens, quando para dentro de si, recarregam as forças de se estar no salto todo tempo.

Lembrou da música que Ivan Lins desenha ao abrir a boca. E da coragem, que ela, mulher, sabe que é estar longe de casa, cuidando de tantos filhos! E da única filha, filosofia desconcertante para a idade. E ainda do carinho nada exaustivo do rabinho que balança quando desfaz a solidão própria dos paulistas. Embora já esteja há mais de vinte anos perto de si mesma e um dia se perca no caminho de volta.

Qual o caminho de volta quando a tristeza relembra que o natal não será mais o mesmo? Por que pensar assim? A força da vida é o amor, é a saudade à não-presença e quão presente ficará para sempre aquele que primeiro a ensinou a amar. O carinho deve tanger a tristeza, a depressão, as lágrimas sentidas e saber que a fortaleza que se carrega consigo é uma gota do oceano família. Ela não precisa fazer esforço algum para, nesse oceano, ser a estrela-do-mar.

É tanta sabedoria que inspira a vida, são tantos detalhes nas entrelinhas da literatura. Sua vida é uma história de vitórias. Aposto que ela gosta de Clarice Lispector, é sabido que a força é inerente à sua respiração. Das duas. Ora, um desconhecido potiguar a fez relembrar um momento difícil. As lágrimas não molharam um papel, mas desceram enquanto linhas subiam na sua frente e ela traçava uma personagem sofrida.

Torce pela glória, isso é natural dos seres humanos – ela já a possui, exposta involuntariamente pela beleza inebriante que um desconhecido ousou nomear. Pela beleza de ser tão humana. Seu nome confunde biólogos e exegetas bíblicos. Quer aprender a fotografar, mas sabe que os momentos estarão “para a posteridade” quando deliciados sem o quê de incômodo que a vida tenta impingir.

Nada de finais clichês, espera somente a continuidade de uma vida sossegada, “com sabor de fruta mordida”.

Peterson Nogueira

23Dez2008

2 comentários:

Renata Freire disse...

Ótimas palavras, Peterson! Gostei do toque "Cazuza" no final. rs Estou com muiiitas saudades!

Arthur Dantas disse...

gostei

sabe que gosto mais quando vc escreve assim

e quando não entendo

prefiro!

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