sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Brincando de boneca - final

Constatou-se o que era, tinha sido do sol torrencial em que ela havia sido exposta quando criança, era câncer de pele, que já tinha danificado várias partes do corpo. Ela também foi diagnosticada com leucemia. Os filhos foram avisados e decidiram poupar a mãe da notícia trágica e fazer os tratamentos, dizendo ser para outra finalidade. A inocência de dona Glória não rebateu nada, acreditou ser doença da velhice, como ela falara, sua lucidez não estampava desânimo, em momento algum.- Os véi tem essas coisa. Mas vô ficá boa. Minha mãe um dia mi falou qui meu pai tinha isperança in mim. Qui eu ia vencê. Venci e inda tô aqui contando histora.Todos os presentes esforçaram-se para silenciar as lágrimas. Dona Glória realmente adorava falar de sua...

Quantos anos você tem?

Desconhecido surfista navegando em linhas misteriosas. As palavras me salvam. E me condenam. Exposto, fragilizado, não sei mais quem sou. Quando sei, ou penso inocente que sei, escrevo. Lembro, recorrência pedagógica, de uma pergunta: "Quantos anos você tem?" Uma amiga. "Não sei" foi a resposta autoridade dada suavemente pela inquilina da indagação. Eu, intranquilo, não entendi. Filosofia mágica de uma vida encheu-me de luz. E de vontade. Sei quantos anos vivi até aqui. Quantos eu tenho, não sei. Vivo. Eu, surfista de um mundo de ondas bravias, violentas, guerreiras, equilibro-me. E escrevo. Quantos anos você tem? Não quero mais saber. Se o dia chega, o caminho traçado fica sem graça. Vivo, po...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Brincando de boneca - parte III

No entanto, quando Alzira completou vinte e dois anos, casou-se com um forasteiro, e queria levar Conceição para viver com ela. Dona Glória não aprovava o casamento, pressentia que o homem, Álvaro, não tinha boas intenções e não permitiu a saída de Conceição. Ela estava certa, em menos de um mês, estavam separados e Alzira se prostituiu, para decepção da família, que insistia na sua volta para casa.Fernando, sempre persistente, passou no vestibular de Medicina e ajudou os irmãos a subirem na vida. Tentou chamar Alzira para perto de si, mas ela não queria largar a vida mundana dos vícios e do sexo. Ela nunca prosperou.Fernando se formou aos vinte e nove anos e logo que isso aconteceu, tirou a mãe dos empregos miseráveis que lhe usurpavam as...

Vivo, sei disso. Escrevo, sei ma...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A literatura chegou - tem tempo - e me invadiu forte. Escrevo para deixar de ser e ser. E assim é minha essênc...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Brincando de boneca - parte II

A existência era árdua e nunca melhorava, a labuta era difícil para todos e viver continuava penoso. Três irmãos de Glória, movidos por promessas de trabalho digno no sudeste do país, angariaram dinheiro e foram lá tentar a vida, mas não sem antes prometer voltar para buscar a todos e dar uma vida mais confortável para os que ficavam. Dona Alzira não pôde ver tal promessa se cumprir, morreu num fatal acidente na plantação de cana. Glória com quinze anos, ficou aos cuidados de Serafim, o segundo filho de sua mãe. Serafim era casado com Joaquina e morava na mesma casa que seu Canindé abandonara devido à morte. Os outros irmãos de Glória nunca mais voltaram.A beleza da jovem Glória encantara Raimundinho, um funcionário da casa de seu patrão que...

Quando escrevo, vivo, sou Peterson, o escritor. As demais horas vivo a pensar em Peters...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Brincando de boneca

Quando Glória nasceu, a situação de sua família era deplorável. Canindé, seu pai, já estava velho e doente, mas continuava trabalhando nas terras do seu patrão, em especial na plantação de algodão onde fazia de tudo, do plantio ao descaroçar, ganhava pouquíssimo e o dinheiro não dava para sustentar satisfatoriamente os filhos e a esposa, mas agradecia a Deus todos os dias pelo emprego e pela comida, não se entregava às melancolias da vida e se sentia feliz. Glória era a quinta vida que punha no mundo, ele viu a esperança renascer quando irromperam as primeiras lágrimas do bebê franzino, que nascia sem nome, mas que, quando a parteira verificou o sexo, o suspiro da mãe a batizara. O primeiro contato de Glória com a aspereza foi o toque das mãos...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sou o que me dou à felicidade de dizer: um escritor. Escrevo. E isso é, para mim, toda a essência de que sou fei...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Um dia assim, de ser feliz. Embora o mau humor tenha acordado ant...

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