
Enquanto a madrugada se embebedava na literatura clariceana, ele tinha certeza de ser um menino. Gostava de pronunciar o sobrenome daquela que confirmava o seu ser menino. Lispector, Lispector, Lispector.O menino também gostava do dia, da noite, de Pasárgada, da que anda perdida no mundo, de Ceci, do Pessoa e das pessoas. Gostava de arte, da última Flor do Lácio, das figuras de linguagem e de retórica. Era metafórico. Deleitava-se na ironia. Enamorava-se do Romantismo, tentava se apaixonar pelo Pós-moderno, mas temia se desmanchar no ar. Era sólido?Acreditava no abstrato. Detestava o efêmero. Gostava de chocolates. Não entendia de sentimentos, como todo menino genuíno.Um dia descobriu que responsabilidades podiam fazer dele um homem. E ele...